River Plate, o novo campeão do futebol argentino
Começa junho, o mês da Copa do Mundo 2014 no Brasil. Por que não falar um pouco de futebol, mesmo que seja argentino? No final da tarde do domingo 18 de maio, o River Plate consagrou-se campeão do Torneio Final 2014 da Primeira Divisão. Venceu o fraco time do Quilmes por 5 a 0, depois de várias temporadas sem alegrias nem celebrações. Justamente uma semana antes de completar 113 anos, já que o clube foi fundado oficialmente em 25 de maio de 1901.
Apelidados de Los Millonarios (os milionários) pelo próprio público, mas chamados de galinhas pelos torcedores do Boca Juniors, River Plate é a equipe que mais torneios ganhou no futebol argentino, com 35 conquistas locais na era profissional. Venceu também duas vezes a Taça Libertadores de América (1986 e 1996) e uma vez a Intercontinental, em 1986. Ironicamente, seu primeiro estádio foi no bairro de La Boca, o território do seu inimigo de sempre: o Boca.
A glória e o fracasso
Mas os últimos anos não foram nada fáceis para o River: sua última conquista foi em 2008 e daí em diante começou a despencar. No campeonato seguinte, com o mesmo time e o mesmo treinador, acabou na lanterna. Um detalhe curioso, mas muito comum no atual e irregular futebol portenho. De fato, no torneio anterior o River acabou na antepenúltima posição junto com o Quilmes, dado que comprova esta teoria. E o treinador naquela época era o Diego Simeone, quem acaba se ser campeão na Espanha com o Atlético de Madri, após vencer o Barcelona de Messi e Neymar.
(Foto: Juan Ignacio Serra)
A glória e a fama não foram suficientes: o River perdeu a categoria e desceu ao inferno. O rebaixamento. Sofreu a gozação de todos, principalmente da torcida do Boca. Mas foi o resultado de muitos anos de administrações suspeitas, problemas institucionais e financeiros e, acima de tudo, de ter jogado muito mal. Uma publicitada briga entre o então presidente do River, Daniel Passarella e o cartola número um do futebol argentino, Júlio Grondona, complicou ainda mais a situação do clube. Em junho de 2011, o River Plate foi condenado ao rebaixamento.
Um novo começo
Porém, a instituição já estava acostumada a enfrentar situações difíceis: em 1975 conquistou dois campeonatos consecutivos (o Metropolitano e o Nacional) após 18 anos sem obter conquista nenhuma. Depois de um longo e desgastante torneio na segunda categoria (a Primeira B Nacional), River Plate acabava em primeiro lugar e recuperava o seu lugar entre os grandes.
Com o mesmo treinador, Matias Almeyda, a volta à Primeira Divisão foi simplesmente discreta: acabou na metade da tabela. Mas com o regresso do historicamente bem sucedido Ramón Díaz assumindo a nova direção técnica, o time terminou o Torneio Final 2013 entre os três primeiros colocados.
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Mas na temporada seguinte os fantasmas do passado começaram a aparecer novamente. Uma campanha mais do que medíocre encontrou o River Plate outra vez perto das últimas posições.
(Foto: yonolatengo)
River campeão 2014
Começou o certame de um jeito irregular, mas com o decorrer das rodadas foi se aproximando dos lideres. Combinando atuações convincentes com outras mais fracas, o River chegou às partidas decisivas como um dos candidatos ao título, junto com o Estudiantes e o Gimnasia Esgrima (os dois times de La Plata). No seu estádio Monumental, no bairro portenho de Núñez (bem próximo do Aeroparque Jorge Newbery), esperavam 60.000 empolgados torcedores. Do outro lado, o Quilmes (treinado por Ricardo Caruso Lombardi, um especialista em evitar o rebaixamento com diferentes equipes).
(Foto: aylamillerntor)
Com um time modesto, o brilho justo, e sem sobrar nada, River Plate goleou e conquistou aquele campeonato que tanto desejava e precisava. Boca, o arqui-inimigo, surpreendentemente acabou em segundo lugar, após um errático inicio de temporada.
Mas ainda faltava o passo definitivo: enfrentar o San Lorenzo, o último campeão (cujo torcedor mais famoso é o Papa Francisco, nada menos) para assim definir o vencedor absoluto de 2013/2014. E na noite do sábado 24 de maio, um dia antes do seu aniversário de número 107, o River sentiu novamente o doce sabor da vitória: ganhou a Superfinal de 1 a 0. Além de ter garantida a classificação para a próxima versão da Taça Libertadores, a equipe de Núñez assegurou também uma vaga para a disputa da Copa Sudamericana. Parabéns, River Plate!