Câmbio na Argentina, a eterna novela
Já se passaram três anos desde a aparição dos rigorosos controles que a AFIP (a Receita Federal da Argentina) decretou nas operações de compra e venda de moeda estrangeira. Na época, isso causou toda uma revolução e o câmbio na Argentina tornou-se um dos maiores problemas no país vizinho.
Os cidadãos, que até então estavam livres para comprar seus dólares em casas de câmbio ou bancos autorizados, a partir daí tiveram que enfrentar inúmeros obstáculos para poder adquirir ou vender divisas.
De um dia para o outro, para comprar dólares (a moeda estrangeira mais aceita pelos argentinos) foi necessário preencher um formulário online e aguardar a aprovação, geralmente arbitrária e com critérios não muito claros, da AFIP, a fim de realizar a operação.
As despesas realizadas no exterior com cartão de crédito começaram a sofrer taxas significativas (35% sobre o valor original), com a pouco verossímil promessa de serem devolvidas no ano seguinte através da declaração do imposto de renda.
Os saques em caixas eletrônicos em países vizinhos com cartões de débito, particularmente no Uruguai e no Brasil também foram atingidos pelas ferozes medidas. Assim, os oportunistas de sempre em seguida acharam a chance de pôr em prática um negócio antigo, porém lucrativo: o mercado paralelo. O câmbio na Argentina ganhava um novo protagonista.
Trocar divisas na atualidade
Desde novembro de 2011 até agora, os que de alguma forma mais se beneficiaram com esta situação têm sido os turistas de outros países, que conseguiram trocar seus dólares, reais ou euros (as moedas mais utilizadas) com os cambistas nas ruas do centro de Buenos Aires. É claro que tudo tem o seu preço e muitos viajantes infelizmente resultaram prejudicados, ao receber notas falsas.
No entanto, o governo aos poucos foi diminuindo a pressão. Atualmente o trabalhador com carteira registrada pode comprar dólares, ainda que de forma bastante limitada e não muito favorável. O limite máximo é calculado proporcionalmente à sua renda. Quem faz a compra e quer receber os dólares na hora deve pagar um imposto de 20%. E aquele que deseja fazer a operação e deixar a moeda americana depositada no banco durante um ano (!), fica isento de qualquer tipo de tributo.
Mas são os turistas estrangeiros os que continuam tendo as maiores dificuldades na hora de conseguir pesos argentinos. Em um esforço para reduzir a diferença cada vez maior entre a cotação oficial e a do mercado negro, o governo começou uma perseguição diária no micro centro portenho e os cambistas viram a sua atividade num relativo perigo. Pouca oferta, pouca demanda e o preço acaba caindo, mesmo que não seja muito nem por muito tempo.
Hoje, a diferença entre as duas cotações é de aproximadamente 50 ou 55%, mas vale lembrar que recentemente atingiu 85%. Uma diferença assustadora e preocupante.
Atualmente, a melhor dica é tentar pagar com reais sempre que seja possível. A maioria das lojas comerciais de Buenos Aires aceita a moeda brasileira (especialmente no centro). A cotação, no entanto, deve ser cuidadosamente observada e combinada. Normalmente, é um valor intermediário entre o câmbio oficial e o paralelo, mas o jeitinho portenho existe e muito. Saiba negociar. Veja aqui as diferentes cotações do dólar.
Contratar com antecedência pacotes e atividades turísticas pela internet permite pagar em reais… mas pelo câmbio oficial (e sem falar do IOF). E se considerarmos a alta do dólar no Brasil no último mês, pode resultar uma opção mais cara. Como sempre, não recomendamos as operações com os cambistas de rua: os riscos são grandes e é uma operação ilegal.
Em resumo: depois de três anos e muitas controvérsias, a eterna novela do câmbio na Argentina parece continuar e pelo jeito, os capítulos finais ainda estão bem longe.
Boa tarde! Gostaria de obter informações referentes ao envio de dinheiro da Argentina para o Brasil. Quais as maneiras e condições possíveis? Há um valor máximo permitido? Algum imposto sobre a transação? Desde já agradeço pela atençao. Leda
Olá Leda! Desde 2011, com a aparição de novas medidas em relação ao câmbio por parte da AFIP (versão argentina da Receita Federal), as operações financeiras sofreram fortes mudanças e limitações. O problema mais conhecido dos turistas que visitam Buenos Aires é como e onde trocar dinheiro. No caso das transferências, o método mais utilizado é Western Union. Mas as taxas geralmente são altas e é preciso fazer bem as contas para saber se realmente vale a pena fazer o envio ou não. No seguinte link você poderá achar mais informação sobre o procedimento: http://www.westernunion.com.ar/WUCOMWEB/staticMid.do?method=load&pagename=ht_sendmoney
Bom dia,
Saberia me dizer se é adequado deixar as propinas em restaurantes em Buenos Aires em Reais?
A gorjeta (propina, em espanhol), é um pagamento voluntário que reflete se você ficou satisfeito com o serviço recebido ou não. Desse jeito, sendo opcional e se tratando de um turista estrangeiro, você pode pagar em pesos, reais ou a moeda que desejar. Diferente do “serviço de mesa”, que já está incluso na conta. E considerando a constante depreciação do peso argentino, qualquer moeda estrangeira é bem-vinda nos comércios portenhos! Um abraço.
Revolução ou involução?
Cara,eu passei um perrengue para pegar Real de volta,troquei no câmbio negro,essa lei só fomenta mais isso