Formula E em Buenos Aires
Além de todas as paixões e tradições argentinas que sempre mostramos no blog, os hermanos também adoram, e bastante, o automobilismo. Outro gosto compartilhado com os brasileiros, mas com algumas diferenças: o último piloto argentino em correr na Formula 1 foi Gastón Mazzacane (2001), na equipe Prost. E faz tempo que não tem uma corrida em casa: a última competição no Autódromo de Buenos Aires foi realizada no ano de 1998 e o vencedor foi o piloto alemão Michael Schumacher.
De lá pra cá foram muitas as tentativas para colocar novamente um argentino na categoria máxima ou para que a Argentina fosse parte outra vez do calendário internacional. Mas nada disso aconteceu.
Quem segue de perto as corridas de Formula 1, com certeza deve ter percebido mudanças radicais e significativas no regulamento. O resultado: você já sabe como vai acabar a corrida porque sempre ganham os mesmos pilotos e equipes.
(Foto: Formula Uno)
Essas supostas melhoras pelo jeito estão contribuindo a diminuir o interesse dos espetadores. Não faz muita diferença se tem gente que gosta ou não do Galvão Bueno, o eterno e discutido narrador global, e suas acostumadas gafes. Aos poucos, o povo está deixando de assistir as corridas por acharem elas pouco atraentes e isso não acontece só no Brasil. É no mundo inteiro.
E, além disso, as pressões econômicas e ambientalistas também são muito fortes. Ou seja, está faltando alguma coisa para não perder de vez os milhões de espetadores que o automobilismo tem no planeta.
Entendendo como funciona a Formula E
A Formula E pode ser considerada uma categoria alternativa formada por jovens pilotos e também por alguns veteranos da F-1. De fato, conta com a presença de três pilotos brasileiros conhecidos: Bruno Senna, Nelson Piquet Jr e Lucas Di Grassi.
(Foto: Motori Italia)
Ainda em fase beta (desenvolvimento), a primeira corrida da categoria foi o 13 de setembro 2014, na China e dez equipes com 20 pilotos participam da temporada 2014-2015.
Um dos principais destaques são os motores elétricos dos carros: ecológicos e menos barulhentos que um carro de F-1 atual. Apenas 10 db mais fortes que um carro de passeio tradicional. Um detalhe curioso é que as baterias elétricas dos carros têm uma duração de aproximadamente meia hora. Depois disso, a única solução é… trocar de carro e continuar a corrida! Uma verdadeira novidade. E nada de troca de pneus ou reabastecimento. Outra novidade: o chamado Fan Boost. Os três pilotos mais votados pelos fãs através do site oficial da Formula E http://www.fiaformulae.com/, ganham uns H.P. extras de potência durante alguns segundos. Uma forma muito original de incentivar as ultrapassagens e motivar ao público, mesmo que seja via internet.
Velocidade em Puerto Madero
Quase coincidindo com o início do Rally Dakar 2015, se realizou uma nova rodada do Campeonato de Formula E. A velocidade finalmente chegou a Puerto Madero, no sábado 10 de janeiro de 2015. Bem no final de uma intensa semana onde o calor portenho não deu sossego.
Num circuito de quase 2,5 km especialmente planejado para a ocasião, os 20 carros (na verdade são 40, já que é possível trocar de carro) começaram a rodar na pista desde as 8.15h. Diferente da máxima categoria do automobilismo, os treinos livres, classificação e corrida, são realizados no mesmo dia. Ou seja, jornada completa para todos aqueles que decidiram ir até Puerto Madero e desafiar o intenso calor de 30°.
Carregando a bandeira da ecologia e com a intenção semi oculta de incentivar os motores elétricos como solução aos problemas energéticos e ambientais, começou a quarta corrida da temporada (as anteriores foram na China, Malásia e Uruguai).
(Foto: atTRAZIONE MOTORI)
A primeira parte da prova foi tranquila, com o suíço Sebastien Buemi na ponta. Mas as emoções começaram a partir da 15° volta, quando Lucas Di Grassi ultrapassou o alemão Nick Heidfeld (outro ex-F-1) e alcançou a segunda colocação. Duas voltas depois, a pancada que o indiano Karun Chandhok levou forçou a entrada do Safety Car e deu para apreciar um fato insólito: os pilotos entrando nos boxes… para trocar rapidamente de carro!
Os silenciosos motores da Formula E (mais lentos que os da Formula 1) aceleraram novamente após a relargada na volta 23 e as últimas voltas foram bem animadas, com muitas mudanças nas primeiras posições.
O ganhador do ePrix de Buenos Aires foi finalmente o português Antônio F. da Costa, em segundo lugar chegou o francês Nicolas Prost (filho do tetra campeão Alain Prost) e no último degrau do pódio… deu Brasil! Nelsinho Piquet (outro filho de peixe) completou a corrida em terceiro lugar. Bruno Senna foi 5º e Lucas Di Grassi abandonou na 27° volta, depois de uma batida enquanto liderava a prova.
Buenos Aires recebeu novamente a adrenalina dos carros de corrida e Puerto Madero ganhou mais uma atração (além das recentes e românticas gondolas). Será que o ano próximo teremos repetição?
Bom artigo.