A gorjeta nos restaurantes portenhos, aquela inimiga dos turistas brasileiros

A gorjeta nos restaurantes portenhos, aquela inimiga dos turistas brasileiros

Se existe uma coisa que provoca confusão e até irritação nos turistas brasileiros que visitam Buenos Aires é a gorjeta. Sim, aquele dinheirinho a mais que você deve deixar (se quiser) aos garçons dos bares e restaurantes da cidade.

Para os portenhos trata-se de um hábito totalmente normal e não só quando vão comer fora ou tomar um cafezinho.

Em Buenos Aires é normal dar uma gorjeta quando você vai num posto de gasolina para abastecer o seu carro. Também quando você recebe em casa o pedido do supermercado (mesmo que uma taxa de entrega seja cobrada). Ou até quando o zelador do prédio aonde você mora vai ao seu apartamento para fazer um conserto menor. Isso tudo faz parte do cotidiano dos moradores de Buenos Aires.

No Brasil, contudo, as coisas são um pouco diferentes. Só é aprovado o 10% na conta do restaurante e fim de papo. Mais nada.

A gorjeta nos restaurantes portenhos não tem nada de novidade.

A prática começou no início do século passado, mas depois foi proibida e no seu lugar apareceu o laudo gastronômico. Segundo a história, isso aconteceu em 1946 durante o primeiro governo do General Juan Perón. Pagar o laudo era obrigatório e representava nada menos que os 22% do total da notinha! No começo gerou controvérsias, sim, mas desafiou firme e forte o passar do tempo.

Porém, na época da ditadura militar argentina o laudo gastronômico desapareceu (em 1980) e a gorjeta voltou. Ironias do destino: o que um General decretou, outro colega revogou anos depois.

A gorjeta versus a taxa de serviço: quais são as diferenças

Se você é daqueles que prestam atenção quando a conta chega à sua mesa, então já ouviu falar da taxa de serviço. Geralmente é um valor fixo e por pessoa, não uma porcentagem do total do que você gastou. Cada estabelecimento determina o valor que considera apropriado.

A gorjeta, bares

Nessa taxa são incluídos, segundo os próprios donos dos restaurantes, alguns dos serviços essenciais oferecidos. Quais serviços? As toalhas de mesa, os guardanapos de pano, aquela cestinha de pão que o garçom traz sem você pedir, etc.

Tudo tem um preço, não há maneira de escapar disso. As mordomias são colocadas na taxa de serviço, conhecida também como “servicio”, “servicio de mesa”, “cubierto” e nomes semelhantes.

Vamos ver algumas curiosidades. Você sabia que o serviço cobrado deve incluir 250 ml de água, pão, pão para celíacos e sal sem sódio? Não? E que a taxa também não pode ser cobrada aos menores de 12 anos? Nossa, onde está escrito isso? Na Lei de Nº 4.407/12 da Legislatura Portenha. Poucos comensais estão cientes desses detalhes, mas você que está lendo esse artigo já leva uma boa vantagem!

Não tem nada a ver com a gorjeta, que em espanhol é chamada de “propina”. São duas coisas diferentes: a taxa de serviço vem dentro da conta. A gorjeta não e é totalmente opcional. Paga quem quiser e quanto quiser. Em teoria, uma gorjeta “justa” equivale aos 10% do que você consumiu. Mas isso pode aumentar ou diminuir dependendo do grau de satisfação do cliente. E do dinheiro que tiver no bolso também.

A gorjeta, garçom

Conclusão: a gorjeta vai parar no bolso do garçom (e dos empregados da cozinha). Já a taxa de serviço vai direto à caixa registradora do dono. Para pagar os gastos? Vamos acreditar que sim.

E a gorjeta nas casas de Tango?

Aqui as coisas mudam consideravelmente. Até agora entendemos que a gorjeta pode ser dada sempre que o cliente estiver satisfeito com o atendimento recebido. Que seja a décima parte do valor gasto, um pouco a mais ou a menos, é decisão do freguês. Nenhum garçom tem autoridade para determinar essa porcentagem. Só que na maioria das casas de tango os próprios funcionários fazem questão de lembrar ao visitante da “propina”. Ou pior ainda: fixar o valor dela.

A gorjeta, show de tango (Foto: Geoff Livingston)

Quer conhecer outro detalhe curioso?  Segundo o Convênio de Trabalho dos empregados gastronômicos, a gorjeta… não está permitida. Por quê? Para evitar que esse dinheiro seja considerado como remunerativo entre os empregados. Ou seja, para que a gorjeta não seja parte do salário do funcionário.

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Então, o que fazer? Os ingressos para um show de tango com jantar podem custar perto de 100 dólares por pessoa, e mais também. Não é culpa do cliente se nesse valor não estão incluídos os serviços do garçom nem da cozinha. Logo, ninguém gosta muito de ser lembrado que tem que deixar uns bons trocados após ter pagado a sua entrada. A falta de diplomacia em alguns casos pode ser chocante e infelizmente isso acontece com frequência.

4 coisas que você deve saber

  • A diferença entre a taxa de serviço (incluída na conta) e a gorjeta (não é obrigatória).
  • A taxa de serviço não contempla o trabalho dos garçons nem o pessoal da cozinha.
  • Pagar gorjeta não é obrigação. O cliente deixa uma gorjeta quando está conforme com o tratamento que recebeu. 10% é o acostumado, mas isso não é uma regra escrita.
  • E o mais importante: ninguém pode forçar um freguês a pagar a gorjeta. Um garçom atencioso e educado sempre vai ter maiores chances de receber um dinheiro extra pelo seu trabalho.

Um comentário sobre “A gorjeta nos restaurantes portenhos, aquela inimiga dos turistas brasileiros

  1. fabrizio

    la pedono spudoratamente sem vergonha, ( aqui´nao sta a propina quando entregano a conta ) Eu nunca dei a propina….Ja´sta tanto caro ficare alcunas dias en bueno …..

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